- Redação JON
- 2 de ago. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 31 de ago. de 2022
Realizado anualmente desde 2002, o Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em parceria com a B3, já faz parte da agenda dos principais formadores de opinião e dos executivos que atuam no agronegócio brasileiro.
Na última edição presencial, realizada em 2019, o CBA trabalhou com a temática “Agro: Momento Decisivo” e contou com a participação de mais de 800 pessoas, além de 170 jornalistas de todo o país. Em 2021, apenas no formato on-line, o CBA contou com a significativa marca de 8.170 acessos realizados durante a transmissão, por pessoas do Brasil e de mais de 27 países.

21º Congresso Brasileiro do Agronegócio, uma realização da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, em parceria com a B3 - a bolsa do Brasil, que aconteceu nesta segunda-feira (01), em formato híbrido - online e presencial, e debatendo o tema Integrar para Fortalecer. Disponível na integra clique aqui .
O agronegócio brasileiro se torna mais produtivo com a inserção de novas tecnologias nos diferentes elos da cadeia e criadas na indústria, pelos produtores rurais, universidades, institutos de pesquisa ou advindas de startups. Essas inovações contribuem ainda para ampliar a conservação ambiental e diminuir o impacto das mudanças climáticas.
“Estamos vivendo uma integração de duas áreas de conhecimento: a telecomunicação e as ciências agrárias e agrícolas. E, certamente, a soma desses dois conhecimentos estão criando algo muito maior”, disse Ana Helena de Andrade, presidente da ConectarAGRO, durante o painel Agronegócio: Tecnologia e Integração.
Ela explicou que as áreas rurais tem a cobertura de telecomunicações inferior a 15%, enquanto nas cidades a cobertura é de 98%. “Muitas vezes, a fazenda tem internet em sua sede, contudo a produção não acontece próximo desse local”, avaliou. A seu ver, a tecnologia 5G vai ser revolucionário no agro, porque ela vai viabilizar o 4G para todos os agricultores.
No painel moderado por Celso Moretti, presidente da Embrapa, Renato Ribeiro Rodrigues, conselheiro da Rede ILPF, enfatizou que a agricultura tem o poder de reverter as mudanças do clima. Para exemplificar essa afirmação ele disse que se metade da área de pastagem, com algum nível de degradação, aplicasse a Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) seria possível gerar entre US$ 10 a US$ 20 bilhões por ano de crédito de carbono. E, se a totalidade fosse convertida, seria possível neutralizar as emissões de todo o país.
Para ele, o Brasil possui muita tecnologia de produção, condições climáticas favoráveis e uma política ambiental importante, que é o Plano ABC+ (Plano Setorial para adaptação à mudança do clima e baixa emissão de carbono na agropecuária com vista ao desenvolvimento sustentável 2020-2030). Ele explanou sobre o mercado de carbono regulado e o mercado voluntário, e disse que o agro não havia sido fortemente considerado nos dois mercados até porque há uma complexidade para medição, diferentemente na indústria, onde o ambiente é controlado.
Já Luis Pogetti, presidente do Conselho de Administração do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), citou dois grandes desafios para a humanidade: conter o aquecimento global e seus impactos e dar conta da demanda cada vez mais crescente por alimentos no mundo, sobretudo em regiões mais carentes de renda.
“Essa é uma oportunidade enorme para o Brasil ser protagonista de uma agenda construtiva. A agricultura, com aplicação de tecnologia, tem condições de produzir energia limpa e desenvolver a produtividade agrícola sem impactar no aquecimento global, mas para isso acontecer a agricultura brasileira precisa ganhar produtividade com uma velocidade cada vez maior”, disse.
No caso da cana, Pogetti destacou que o objetivo é dobrar a produtividade dos canaviais até 2035. “Isso é absolutamente necessário para participar como protagonista nesta agenda de combate ao aquecimento global”. Para isso, o Centro tem trabalhado em três frentes de pesquisa, como a criação de semente sintética de cana e a realização de milhares de cruzamento de espécies.
Sobre mobilidade, ele analisou que não haverá uma receita de bolo única para todo mundo. “Será preciso explorar as características específicas e as vantagens competitivas de cada região”, ponderou. O etanol, por exemplo, tem hoje a mesma intensidade de carbono do que tem a carro à bateria se for abastecido com energia limpa. Caso seja alimentado com energia fóssil, o etanol brasileiro emite 50% a menos de carbono.
Homenagens da ABAG

A ABAG entregou o Prêmio Ney Bittencourt de Araújo – Personalidade do Agronegócio à Arnaldo Jardim, Deputado Federal e criador do Fundo de Investimentos para o Setor Agropecuário – Fiagro.
“Recebo com muita alegria este prêmio e compartilho com os demais parlamentares que têm se dedicado no Congresso Nacional a, com orgulho e garra, defender setor agropecuário, motor do Brasil. Temos novos desafios pela frente, o que nos move é a certeza de que somos capazes, podemos corresponder a uma necessidade que é manter o desenvolvimento. Tudo o que o agro precisa é da boa política, respeito para que possamos ter segurança jurídica, leis para favorecer a inovação”.

O Prêmio Norman Borlaug- Sustentabilidade foi entregue à Mariangela Hungria da Cunha, pesquisadora da Embrapa Soja, que ressaltou o papel da mulher no setor e que lutar de modo justo pela sustentabilidade no agro não é fácil.
“Desde criança luto pela preservação dos rios, oceanos e solo, pelo qual me apaixonei desde criança. Sustentabilidade dá retorno social e econômico, mas exige investimento de tempo. Agora temos que dar continuidade em outro rumo, a microrrevolução verde com uso de microrganismos e preservação do meio ambiente. Temos vocação e capacidade para produzir mais com cada vez menos. Sem dúvida, o solo representa o ponto inicial da jornada rumo à segurança alimentar que todos almejamos”.
Fonte: ABAG