Como será o mercado de trabalho no “novo normal”
- Simone Gonçalves
- 16 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Muitas pessoas, em todo o mundo, têm se questionado sobre quando o mercado de trabalho voltará ao normal. Mas a questão é: o que era normal era bom?

Um estudo feito pela consultoria Have HerBack, com profissionais de empresas de pequeno e médio porte, identificou como a crise do novo corona-vírus tem impactado pessoas e empresas e como isso deve influenciar o futuro do trabalho. Com os recursos financeiros reduzidos, pais de família têm feito malabarismo para conseguir pagar as contas e têm sido os maiores responsáveis em cuidar dos fi - lhos nesse momento. De acordo com o estudo, 31% dos pais relataram o “cuidar” durante a quarentena como “extremamente difícil”, em comparação com 14% das mães. E isso tem uma explicação.
Dos pais entrevistados, 38% disseram que passaram a cuidar mais dos fi lhos nesse período, e esse dado se conecta diretamente ao fato de que 76% dos empregos na área de saúde pertencem a mulheres – sendo que 85% são da área da enfermagem. Logo, as mães saem para trabalhar, e os pais ficam em home office. Podemos constatar que os pais voltarão para o trabalho com outros tipos de pensamento em relação ao papel da mulher no ambiente corporativo, bons e progressistas ou ruins e carregados de estereótipos, pois o cuidado paternal se tornou uma realidade pandêmica. Os pais que trabalham remotamente durante a crise e são líderes de empresas tiveram a oportunidade de colocar uma lupa sobre as questões de preconceito contra mulheres no mercado de trabalho. Líderes de empresas deverão repensar suas escolhas depois dessa experiência: o que eles priorizaram antes da crise pode parecer muito diferente agora e no futuro. Quando perguntamos sobre quais benefícios desejavam ter, e suas empresas não estavam fornecendo, 36% das mães e 27% dos pais desejam um horário de trabalho mais flexível. Vinte por cento das mães e 40% dos pais querem a capacidade de trabalhar remotamente.
Acredito que a pandemia tenha feito surgir uma nova geração de responsabilidade social corporativa, focada em olhar para dentro. Haverá novas réguas para medir o que as empresas fazem quando se tratam de equidade, diversidade e inclusão de gênero, bem como ações que adotam para promovê-las. Voltar à maneira como as coisas eram não é a resposta para entrar no novo normal. As empresas que colocarem seus funcionários em primeiro lugar agora terão a melhor oportunidade de transformar sua força de trabalho nos próximos anos. Várias organizações não só adotaram o home office, e trouxe soluções tanto para o viés profissional quanto para o viés humano, investiu em cursos e workshops para a liderança gestores desempenharem uma liderança ainda mais eficaz e também em ações de feedback, acolhimento e reconhecimento dos colaboradores além da terceirização de setores de processos de negócios como forma de redução de custo e gestão aplicada.
A gestão remota requer ainda mais clareza nas atribuições, um compartilhamento constante de informações e o foco nas entregas. Adotar ferramentas que auxiliem no dia a dia de trabalho, como por exemplo, gerenciadores de tarefas, e o sistema de controle de horas trabalhadas contribuem fortemente. Além disso, manter o famoso ‘bom dia’ ou ‘boa tarde’ com as equipes, ter os acordos de convivência, compromissos registrados e compartilhados nas agendas, manter as sessões de feedback, as reuniões hoje online de 15 minutos para repasse dos projetos e alinhamentos, são exemplos de ações para manter-se presente remotamente e criar uma rotina bacana e ao mesmo tempo flexível.
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