Cursos a distância - Professores usam estratégias das mais variadas para atrair alunos on-line
- Gabriel Gontijo
- 16 de jun. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de jun. de 2020
De promoção surpresa a meia-noite até inspirações no mercado imobiliário, profissionais inovam na hora de oferecerem aulas.

Foto: Mohamed Hassan/Pixabay
A Covid-19 obrigou bilhões de pessoas em todo o mundo a redefinirem uma série de medidas para evitarem sair de casa e, ao mesmo tempo, que continuassem com suas rotinas dentro do chamado "novo normal". E no Brasil não foi diferente. Home-office e delivery foram expressões que se tornaram usuais ao vocabulário brasileiro. Outro serviço que apresentou crescimento foi o de cursos à distância.
Faculdades, cursos de especialização e até a rede particular de ensino básico aderiram à internet para ministrarem aulas. Segundo um levantamento da Catho Educação, as matrículas em cursos à distância aumentaram 70% entre 21 de março e 6 de abril. Anteriormente, entre 3 a 20 de março, o índice cresceu em 45%.
Já de acordo com pesquisa feita pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), aproximadamente 1,7 milhão de brasileiros realizou matrículas em cursos na modalidade EAD (ensino à distância), o que representa mais de 20% de todas as matrículas. E um levantamento feito pelo Google registrou um crescimento de 130% nas buscas por especializações à distância.
Mas com tanta oferta online, como os responsáveis pelos cursos via internet criam alternativas atraentes para ganharem mais alunos?
Promoção e criatividade são fórmulas de atração para novos clientes

Especialista em criação, negociação e produção de eventos, Alexandre Fonseca sentiu, imediatamente, o impacto provocado pela pandemia da Covid-19 nas finanças. Com trabalhos para grandes empresas brasileiras e estrangeiras, ele foi obrigado a cancelar todos os eventos já programados. Foi quando percebeu que poderia criar algo voltado para eventos, só que de forma virtual.
"Fiquei preocupado, mas me permiti viver o momento, até para buscar soluções, pensar em novos cursos e em inovações. E esse período inicial foi curto. Em duas semanas, consegui modelar os novos produtos e serviços e recomecei em novas bases. Os profissionais que trabalham com eventos precisam, necessariamente, estudar, observar, analisar forças e oportunidades, fazer diagnósticos e buscar diferenciais em relação a outros players do mercado", conta Fonseca.
Inspirando-se em um modelo parecido com o do mercado imobiliário, o produtor de eventos criou um curso online na área como se estivesse vendendo um imóvel na planta. O cliente paga um sinal, uma mensalidade e o restante ao final, pouco antes da realização do evento. Assim, é possível estimular o cliente a continuar pensando na promoção de eventos presenciais, mesmo durante a pandemia e a quarentena. Além disso, é uma estratégia de manter aquecido o setor de eventos e gerar um fluxo de caixa para seus fornecedores.
No curso online de produção de eventos, Fonseca ensina o passo a passo de seu método, o VOA de Produção de Eventos. Ao longo de 12 anos de carreira, o especialista, a partir de experiências extremamente bem-sucedidas, reuniu técnicas e dicas em três módulos e qualquer pessoa tem condições de se capacitar para produzir um evento. O curso tem três pilares por base: vendas, operação e atendimento.
Promoção surpresa como caminho
Outro exemplo de curso que apresentou crescimento foi o de marketing digital. Conhecida por atuar no ramo quando o setor era quase desconhecido no Brasil, a jornalista e professora da área Patrícia Andrade Ladeira sempre se mostrava disposta a negociar o valor de seus cursos diante de alguma dificuldade financeira que algum aluno tinha. Com a crise econômica que atingiu o Brasil em 2014, em especial o estado do Rio de Janeiro, ela passou a oferecer descontos maiores. E durante a pandemia ela resolveu criar uma promoção especial e de forma relâmpago.
"Eu nunca me preocupei em ganhar dinheiro com as aulas, mas sempre quis passar conhecimento e falo isso sem nenhum tipo de demagogia. Desde que o país entrou em crise, resolvi criar formas para os cursos serem acessíveis para quem não tinha condição de pagar de forma integral. Por exemplo, parcelava o valor para alguém pagar mensalmente direto na minha conta se alguém não tivesse o cartão de crédito. E com a pandemia criei uma promoção surpresa. Como muitos estavam jogando os preços de cursos e trabalhos bem baixos, anunciei que colocaria todos os meus cursos a R$ 100. Mas antes, falei que faria uma promoção a partir de meia-noite sem dizer o que seria. Muita gente não acreditou, pois tenho curso que chega a custar R$ 800. O resultado foi que muitos se matricularam em pouquíssimo tempo", detalha Patrícia.
Ela admite que nem tudo foi simples, pois aqueles que compraram os cursos antes da promoção surpresa ficaram "revoltados" com o anúncio. Mas afirmando que "não queria nem saber", Patrícia comenta que as aulas tem sido bem proveitosas tanto para os alunos como para ela própria, pois gera uma economia no aluguel de um espaço físico que seria usado em aulas presenciais.
Trabalhando com EAD desde 2009, a professora de marketing digital admite que as aulas online não substituem o ensino presencial, mas afirma "só ver ponto positivo" em cursos desse tipo. Para Patrícia, a interação física entre aluno e professor não deve e nem pode terminar, porém analisa ser possível que ambas as modalidades de aulas podem conviver harmonicamente e uma modalidade ser usada como complemento à outra.
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