O que a Nova Zelândia pode ensinar o Brasil no aspecto econômico
- Gabriel Gontijo
- 4 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de jul. de 2020
País da Oceânia tem a volta das atividades praticamente normalizada e instituiu uma ajuda financeira semanal para socorrer a população
Monte Cook é um dos principais pontos turísticos da Nova Zelândia. Setor foi o mais atingido por causa da pandemia da Covid-19 (Foto: Pixabay)
No dia 8 de junho de 2020 a Nova Zelândia parecia mostrar ao mundo que havia uma esperança contra o novo Coronavírus, pois na data em questão a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, anunciava em coletiva que a doença se encontrava erradicava em todo o território neozelandês. Mas apenas uma semana após o anúncio, as autoridades sanitárias detectaram dois casos importados de Londres, na Inglaterra. Imediatamente, o governo acompanhou ambas as situações de perto. Ao mesmo tempo, segue com algumas medidas de ajuda econômica que podem servir de exemplo para o Brasil.
A equipe de reportagem do Portal O Negócio conversou com o administrador Clóvis Magno Dias, que é brasileiro, natural de Duque de Caxias, Baixada Fluminense e mora há dois anos em Nova Zelândia, país localizado na Oceania. Explicando sobre a situação da pademia no país, ele diz que foram criados níveis de alerta do 1 (menos perigoso) ao 4 (mais perigoso), ele fala que o planejamento teve início desde os primeiros casos de transmissão comunitária. Por isso, o nível mais brando não ocorreu de início e foi necessário o protocolo se basear no nível 2, que foi o de estabelecimentos funcionando com restrições e a implementação dos afastamentos de dois metros de distância de uma pessoa para outra.
Auxílio-emergencial semanal
Para o brasileiro, o apoio maciço e imediato da população neozelandesa às medidas do governo foi fundamental para que o número de casos fosse baixo. A Nova Zelândia teve 1504 pessoas infectadas e somente 22 mortos. Mas o que foi efetivamente feito em relação à economia? Magno explica que o governo preparou um plano durante a paralisação provocada pela pandemia.
"O governo está dando um auxílio semanal de 500 dólares neozelandeses (aproximadamente 320 US$ ou R$ 1.750) porque o salário é pago aqui por semana. Inicialmente seriam pagos por oito semanas para quem perdeu o emprego, também para quem foi afastado do trabalho ou teve que fechar o comércio. Isso foi fundamental para o pagamento de aluguel, contas e também foi uma ajuda providencial para fazer compras", explica o brasileiro que trabalha no ramo da construção civil no país.
Ressaltando que a rotina praticamente voltou ao normal, ele conta que mesmo assim o governo manteve a ajuda para quem ainda não conseguiu encontrar um trabalho. E também comenta que a área da construção civil foi uma das mais afetadas na Nova Zelândia. Trabalhando com pintura, o brasileiro conta que a área é muito forte no país e que outros setores, como o turismo, foram ainda mais atingidos economicamente.
"Aqui o setor da construção civil foi afetado porque muitas obras tiveram que ser interrompidas. Naturalmente estão voltando para a conclusão dos serviços que foram iniciados, mas a gente vai ter a dimensão do impacto quando essas obras forem terminadas, pois precisaremos observar se a demanda continuará com o mesmo ritmo de antes da pandemia. Outra área atingida foi a do turismo, porque as fronteiras se encontram fechadas até o momento. E aqui é um país essencialmente turístico por causa das montanhas e outras características naturais", conta Magno.
Visão do Brasil na Nova Zelândia
Explicando que são poucas as notícias do Brasil que passam na mídia da Nova Zelândia, ele conta que a única informação brasileira que foi noticiada por lá foi a imagem aérea do número de covas que foram abertas de maneira improvisada na cidade de São Paulo. Magno também comenta que a imagem política daqui é pouco falada por lá, se restringindo apenas às discordâncias que o presidente Jair Bolsonaro tem em relação a alguns governadores, principalmente João Dória (São Paulo) e Wilson Witzel (Rio de Janeiro).
Para Clóvis Magno, a polarização política está fazendo mal ao brasileiro. Explicando as diferenças culturais de cada país, ele afirma que os neozelandeses "simplesmente se abraçam" deixando as diferenças de pensamento de lado. Ele também salienta que o brasileiro está atualmente "brigando de cabo de guerra, cada um querendo puxar para o seu lado" e não existe uma mentalidade coletiva como a que ele tem encontrado na Nova Zelânida, citando que até a oposição política da atual Primeira-ministra apoiaram as medidas emergenciais.
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