Supermercados buscam soluções durante isolamento e se preparam para o pós-pandemia.
- Gabriel Gontijo
- 4 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de mai. de 2020
Serviço é considerado essencial e é um dos poucos que continuam com o funcionamento diário
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Desde que foi promulgado o decreto de isolamento social (25 de março), pelo governador do Rio, Wilson Witzel, um dos serviços considerados essenciais é o do ramo de supermercados. Segundo dados do Elo Performance Insights, o setor teve um aumento de 25% assim que a quarentena passou a vigorar. Além do crescimento, esse tipo de estabelecimento passou a ser um dos mais procurados em época de pandemia de Coronavírus. Por isso, muitas redes de supermercados procuram alternativas para continuarem com o serviço sem abrir mão das condições de higiene.
Desde a oficialização da medida, muito estabelecimentos passaram a disponibilizar álcool em gel para clientes e funcionários, colocaram marcadores do chão com um metro e meio de distância entre uma marcação e outra, além da adoção de horários especiais para atendimento, principalmente para quem tem mais de 60 anos.
Apesar dessas medidas serem adotadas por grandes redes do setor na capital e na região metropolitana, pouco se fala a respeito das demais cidades do interior do estado. Isto acontece porque o perfil de público muda muito no municípios distantes da capital fluminense. Para o consultor econômico especialista em supermercados, Leandro Rosadas, os hábitos interioranos são bem diferentes dos que moram em grandes centros. E isso se reflete na hora do consumidor procurar algum estabelecimento para compra.

"O público do interior é diferente da capital porque o interiorano preza muito pelo conhecimento de alguém da chefia do supermercado e a proximidade no atendimento. Mas os cuidados devem ser os mesmos, e isso até pode fazer a diferença na hora de escolher em qual lugar comprar. Por causa da situação da Covid-19, os estabelecimentos dessas cidades também precisam tomar medidas básicas de higiene e isso pesa na decisão do consumidor", conta Rosadas.
O consultor apresenta um dado que afirma que os estabelecimentos de cidade do interior tanto do Rio como de outros estados apresentaram um crescimento de até em 80%. E ele também comenta que o aumento aconteceu em locais onde não houve casos de falecimento pelo novo Coronavírus.
"É interessante notar que muitas cidade do interior não apenas do Rio como do Brasil tiveram um crescimento de até 80% se comparado com o mesmo período do ano passado. E isso aconteceu até em locais que não tiveram mortes registradas pela Covid-19. As vendas tiveram um pico em março, mas registraram uma estabilização em abril voltando para uma média padrão do mês".
Delivéry é a saída
Um dos caminhos citados pelo especialista é o foco em serviços de entrega. E uma outra dica, segundo o consultor, é a de não se usar aplicativo nesse período. Ele explica que a ferramenta digital pode expor problemas durante a época da quarentena.
"Um bom instrumento atualmente é o delivéry e o ideal é que os supermercados do interior foquem em ações oriundas nesse tipo de serviço. Nesse período, não é interessante pensar em aplicativo e nem trabalhar em e-commerce, pois as redes das cidades do interior teriam que ajustar os estoques e nesse momento há estabelecimentos de municípios mais afastados da capital que encontram dificuldades na reposição de alguns produtos", argumenta Rosadas que também sugere um atendimento mais personalizado e simples pelo WhatsApp.
Embora afirme que o trabalho com aplicativo não seja o ideal nessa época, o especialista explica que o serviço de entrega pelo WhatsApp pode oferecer alguma promoção especial para quem faz pedidos exclusivamente por essa ferramenta. Ele cita que há estabelecimentos no interior da Bahia que superaram em 30% as vendas para abril através desse tipo de estratégia.
Práticas que devem ser estendidas ao interior
O presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ), Fábio Queiroz, explica que a instituição tem se mostrado presente no interior da mesma forma que tem agido na cidade do Rio, não sendo necessário nenhuma ação especial até o momento. Ele também comenta quais atitudes os estabelecimentos interioranos devem tomar e que estão em conformidade ao que já tem sido feito na capital.
Entre as determinações, estão orientações que já vinham sendo amplamente divulgadas pela ASSERJ, como a ida de apenas uma pessoa da família às lojas, evitar levar crianças aos supermercados, ter álcool em gel na entrada dos supermercados, constante higienização dos carrinhos, suspensão dos serviços de degustação dentro das unidades, entre outras. Além dessas medidas, outras ações foram implementadas pelas próprias redes, como a instalação de barreiras de acrílico nos caixas e a sinalização no piso com o distanciamento mínimo entre os clientes na fila. Além disso, produzimos uma cartilha, que é atualizada constantemente, com instruções focadas nos supermercados e consumidores do setor para que intensifiquem as boas práticas de higiene e ações para evitar aglomerações dentro e fora das unidades", explica Queiroz.
A cartilha pode ser acessada no site da instiuição: www.asserj.com.br.
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