Fotografia como memória

Nesta edição decidi falar sobre questões, absolutamente, técnicas, sobre a fotografia. Entendo que essas informações são relevantes para a compreensão daqueles que, ainda como amadores da fotografia, precisam se enquadrar na história deste universo, que é tão fabuloso.

Foto: Divulgação.

Uma das muitas curiosidades sobre a fotografia é a luz. Ela é tão importante que a origem da palavra é uma junção dos termos gregos foto, que significa “luz”, e graphein, que exprime a noção de escrita. Assim, a denominação de fotografia é “a escrita com a luz”. Ela é essencialmente a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando-as em uma superfície sensível.

Assim como a maioria das descobertas, a fotografia surgiu da curiosidade e da inquietude do homem, através de experimentos e desenvolvimentos de técnicas, trazendo a evolução que presenciamos hoje. Ela contribui, diretamente, para registro de costumes, desenvolvimento social, cultural, moda, etc, ela é uma testemunha eterna, de tudo o que acontece e muda ao longo dos anos. Carrega consigo trajetórias, experiências, vivências e descobertas. A fotografia está longe de ser apenas um click ou um toque nos dispositivos digitais e, mais do que um momento congelado, ela resgata emoções, provoca sentimentos nas lembranças das imagens retratadas, alimenta a alma do observador, é nosso passado preservado, intacta ao longo dos anos.

A fotografa é, também, um meio de informação, de documentação, sobre o mundo e a vida. Quando falamos de memória, envolvemos questões como, uma pequena pausa no tempo. Tudo vira recordação. Esse é um processo adquirido e vivido por cada um de nós través da fotografia. O registro da memória fica eternizado na história individual do homem tornando-se nosso patrimônio, que é repassado para outras gerações através das lembranças. Uma espécie de memória social carregada de pessoas e locais que nunca mais existirão. A realidade gravada na fotografia se torna a passagem de um momento na vida de cada um, registrando os costumes, acontecimento social, as mudanças e evolução de um lugar ou apenas um registro de uma bela paisagem da natureza.

A primeira fotografia teve seu registro na década de 1830 através de Niépce Joseph Nicéphoreoi, que era inventor francês e um dos criadores da fotografia. Ele foi o primeiro a encontrar uma maneira de f xar uma imagem produzida por uma câmera escura. Niépce, pela primeira vez na história, conseguiu fixar uma imagem exata de um objeto “desenhada” pela luz. A descoberta expandiu as possibilidades de o homem capturar o tempo e ampliar a sensação de controlá-lo, congelando o instante para a eternidade. Muitas outras pessoas contribuíram para a evolução e difusão dessa técnica que revolucionou a arte e a comunicação no mundo todo.

Em 1851, o inglês Frederick Scott Archer foi responsável pela revelação em colóide, uma chapa úmida de vidro que produzia melhores imagens. Em 1886, surge a Kodak, empresa do norte-americano George Eastman que revoluciona o mercado fotográfico com suas câmeras e filmes em rolos. A Kodak ganhou o mundo com suas vendas a preços acessíveis para os clientes do processo de revelação. Entre a descoberta, o desenvolvimento de captura, forma de automatização, comercialização e colorização.

A evolução tecnológica da fotografia levou quase 200 anos para chegar à forma que presenciamos hoje. E graças a ela podemos deixar eternizado, cada fração de segundos, e assim conseguiremos repetir ao infinito aquilo que se deu apenas num instante. Uma foto se diferencia dos antigos registros, tanto verbais quanto visuais, por não se tratar de uma interpretação, nem mesmo de depoimentos visuais de artistas, como a pintura e a gravura. Significa, sim, um fragmento do mundo, uma miniatura da realidade que todos podem construir ou adquirir. Até a próxima!

Fonte: Sontag, 1981: 08.

Por: Dielly Rangel. Fotógrafa e empreendedora